A importância da acústica para projetar ambientes adequados para pessoas com deficiência intelectual

O que é deficiência intelectual?

Deficiência intelectual é um termo geral para um grupo de sintomas que afetam o cérebro. Estes podem ter um impacto na memória, mobilidade, percepção, comunicação e audição.

Além de terapias de reabilitação, é importante criar um ambiente saudável e positivo, no qual as pessoas possam se desenvolver e aproveitar uma boa qualidade de vida.

Como a acústica afeta as pessoas com deficiência intelectual?

No quesito acústico, é dito que de todos os sentidos, a audição é a que mais afeta a qualidade de vida de pessoas com deficiência intelectual.

O ruído pode ser angustiante e isolador. Pessoas com deficiência intelectual experienciam o constante ruído de fundo. Algumas pessoas com deficiência intelectual possuem extrema sensibilidade a ruídos, o que aumenta os níveis de estresse, ansiedade, confusão, pressão sanguínea e cardíaca, e também fadiga.

Os problemas de percepção enfrentados por pessoas com deficiência intelectual geram uma perda na capacidade de interpretação.

A análise com evidências feita por Marquardt et al (2014) encontrou uma relação entre os altos níveis de ruído e o ‘comportamento indesejado’ nas pessoas com deficiência intelectual. Em outros estudos, o ruído foi relacionado a uma falta de participação e um isolamento social. Porém, não são todos os sons que são “ruins”. Se descobriu que sons agradáveis são ‘positivamente estimulantes.’ A análise feita por Marquardt concluiu que uma boa acústica deveria ser: “um dos pontos fundamentais da arquitetura de ambientes para pessoas com deficiência intelectual.”

A relação entre a perda de audição e deficiência intelectual

Há também uma relação entre a perda de audição e a deficiência intelectual. A perda de audição é a forma mais comum de deficiência encontrada na Europa. Possui um grande impacto em como nos relacionamos com as pessoas e ambientes, levando ao isolamento social. Se torna mais comum também conforme envelhecemos. O risco de adquirir deficiência intelectual é quase duas vezes maior se possuir uma perda auditiva leve, já com uma perda auditiva moderada o risco de deficiência é três vezes maior. Com uma perda auditiva severa, o risco pode chegar a ser cinco vezes maior!

Algumas maneiras de projetar um ambiente acústico calmo

Sentimos que apesar de serem feitas mais pesquisas para definir o nível sonoro adequado para diferentes ambientes, já conseguimos descobrir alguns aspectos comuns para o design acústico. Eles são benéficos para a criação de um ambiente calmo que ajuda a aliviar o estresse e para a interpretação de informações.

• Use o entorno do ambiente para bloquear ruídos invasivo, altos e externos como o trânsito congestionado
• Considere isolamento sonoro e absorção acústica em corredores para prevenir a invasão de ruídos em ambientes próximos
• Posicione quartos longe de espaços ruidosos para melhorar a qualidade do sono
• Ofereça um ambiente silencioso que não seja o quarto, para permitir que essa pessoa com deficiência intelectual possa processar informações em um espaço sem muitos estímulos. Este ambiente pode também ajudar a acalmar pessoas agitadas
• Sistemas de alarmes visuais e campainhas silenciosas podem oferecer uma alternativa adequada para os que podem ser assustados por sons altos. Eles também podem ajudar a minimizar níveis totais de ruído e perturbações
• Considere melhores sugestões visuais para pessoas com perda de audição já que dependem mais do sentido da visão. Características de design que são fáceis de ver e auxiliam a locomoção
• Use absorção acústica em espaços comunitários e de atividades para aprimorar o conforto e melhorar a comunicação onde a clareza da fala é necessária. Caso contrário, os níveis de rúido podem aumentar rapidamente

Saiba mais sobre os sentidos e a deficiência intelectual nesta apresentação da arquiteta e pesquisadora alemã Birgit Dietz:

Referência:
Marquardt, G., Bueter, K. & Motzek, T. (2014). Impact of the Design of the Built Environment on People with Dementia: An Evidence-Based Review. Health Environments Research & Design Journal. 8(1), 127–157.